Quando Lucas Martins, repórter da Band TV empurrou a colega Grace Abdou, jornalista da Record TV durante a transmissão ao vivo do Brasil UrgenteAlumínio, São Paulo, o clima de rivalidade entre as duas emissoras saiu à tona de maneira chocante. O fato aconteceu em 1 de julho de 2025, enquanto ambas as equipes cobriam o desaparecimento das adolescentes Layla, 16 anos, e Sofia, 13 anos.
Como o conflito se desencadeou
Na tarde daquele dia, Grace conversava com a mãe de Layla ao lado da praça central, tentando obter declarações para o noticiário. Do outro lado da rua, Lucas entrevistava testemunhas que haviam visto as meninas pela última vez. Quando tentou se aproximar da família, cruzou o caminho de Grace. "Dá licença, Grace! Tá louca?", exclamou ele antes de empurrá‑la para o lado.
A jornalista, visivelmente surpresa, respondeu ao microfone: "Você está ao vivo? Por que me empurrou?" Lucas, irritado, rebateu que "a repórter entrou na minha frente propositalmente" e que não era a primeira vez que havia atritos entre as equipes.
Reações imediatas nas redes e nas empresas
O vídeo, já com milhões de visualizações, rapidamente foi compartilhado no Twitter, Instagram e TikTok. Usuários denunciaram o comportamento como "violência simbólica" e "exemplo perigoso" para jovens jornalistas. Em menos de duas horas, a Band informou que afastaria Lucas das coberturas externas, enquanto a Record emitiu comunicado oficial condenando a agressão e registrando boletim de ocorrência.
"A Record TV condena veementemente a agressão praticada por Lucas Martins da Band, ocorrida na tarde desta terça‑feira, 1 de julho, contra a nossa repórter Grace Abdou. Medidas judiciais cabíveis serão tomadas", declarou o diretor de jornalismo da Record, Carlos Henrique de Lima.
Rivalidade histórica entre Band e Record
A disputa por audiências no interior paulista remonta à década de 1990, quando ambas as emissoras investiram em repórteres de campo para cobrir acontecimentos locais. Em 2022, um incidente semelhante envolvendo a TV Globo e o SBT ganhou as redes, mas não resultou em sanções disciplinares porque as imagens foram editadas antes da transmissão.
O que diferencia o caso de Lucas é a captura em tempo real, impossibilitando qualquer edição posterior. "Quando você tem o público assistindo ao vivo, não tem como apagar o que aconteceu", explicou a analista de mídia Mariana Silva, da agência Insight Media.

Impacto na cobertura do desaparecimento
O foco da reportagem mudou de forma abrupta. Em vez de avançar nas investigações sobre o paradeiro de Layla e Sofia, os âncoras tiveram que lidar com a polêmica interna. A polícia local, que já havia aberto um inquérito sobre o desaparecimento, informou que o caso continua "sem pistas concretas".
Alguns moradores de Alumínio, cidade de cerca de 20 mil habitantes, lembraram o incêndio da fábrica de minério de 2019, que vitimou oito trabalhadores. "Já estamos acostumados a ver a mídia chegando de tudo, mas quando rola agressão, isso nos assusta", comentou o comerciante local Júlio Andrade.
Próximos passos e possíveis desdobramentos
A Comissão de Ética da Associação Brasileira de Jornalismo já prometeu analisar o caso. A expectativa é que haja recomendações para evitar confrontos físicos em coberturas ao vivo. Enquanto isso, a defesa de Lucas ainda não se manifestou oficialmente, mas fontes próximas afirmam que ele apresentará uma justificativa ao quadro de recursos internos da Band.
Do lado da Record, a diretoria está avaliando se a empresa vai acionar judicialmente a Band ou buscar uma indenização por danos morais. O que ficou claro é que a rivalidade está se tornando um ponto de atenção nacional para o jornalismo de campo.
Perguntas Frequentes
O que motivou o empurrão de Lucas Martins?
Segundo relatos, Lucas alegou que Grace teria se colocado deliberadamente na frente de sua câmera, impedindo a entrevista com familiares das vítimas. No entanto, testemunhas afirmam que ele avançou sem aviso prévio.
Quais foram as medidas imediatas das emissoras?
A Band suspendeu Lucas das coberturas externas até novo aviso, enquanto a Record registrou BO e divulgou comunicado de condenação, prometendo buscar medidas judiciais contra o agressor.
Como o caso pode influenciar o jornalismo de campo no Brasil?
Especialistas acreditam que a situação pode levar a novas diretrizes de conduta em coberturas ao vivo, reforçando a necessidade de respeito entre profissionais e a adoção de protocolos de segurança.
Qual é o status atual do desaparecimento de Layla e Sofia?
Até o momento, as investigações da polícia de Alumínio não apontam suspeitos nem localizações. As famílias ainda aguardam respostas e participaram de search parties organizadas pela comunidade.
A Band já puniu repórteres por condutas semelhantes?
Este é o primeiro caso de agressão física gravada ao vivo que resultou em afastamento imediato. Incidentes anteriores envolvendo a Band foram resolvidos internamente, sem medidas públicas.
Jéssica Soares
outubro 6, 2025 AT 05:33Assistindo ao vivo eu vi o Lucas gritar “Dá licença, Grace! Tá louca?” e ainda empurrar a colega na frente da câmera.
Que falta de respeito, parece cena de novela barata!
Não dá pra aceitar esse tipo de comportamento na imprensa, a gente merece mais profissionalismo.
Maria Eduarda Broering Andrade
outubro 6, 2025 AT 06:23Observa‑se, na prática, que o impulso para a agressão surge de uma competitividade latente que extrapola o mero desejo de noticiar. Assim, a disputa entre emissoras se materializa em gestos físicos que, embora raros, revelam uma cultura organizacional permissiva. A mídia, então, deve refletir sobre seus próprios limites antes de apontar falhas nos demais.
Miguel Barreto
outubro 6, 2025 AT 07:30Eu sei que o clima ficou tenso, mas vamos lembrar que a Grace está fazendo um trabalho importante procurando as meninas desaparecidas.
Ela merece todo apoio da gente, e espero que a Band tome as medidas certas para evitar novos incidentes.
Força, Grace, a comunidade está contigo!
Matteus Slivo
outubro 6, 2025 AT 08:36O incidente capturado ao vivo entre Lucas e Grace vai além de um simples desentendimento pessoal; ele simboliza a rivalidade estrutural que permeia o jornalismo de campo no Brasil. Em primeiro lugar, é necessário reconhecer que a pressão por exclusividade nas coberturas cria um ambiente propício a atropelos, tanto literal quanto figurativamente. Quando dois repórteres disputam o mesmo ponto de vista, a competição pode transbordar em gestos agressivos, como ficou evidente na praça central de Alumínio. Além disso, a presença de câmeras ao vivo elimina a margem de edição, expondo ao público bruto as falhas de conduta que normalmente seriam editadas. Esse fato gera um impacto imediato na credibilidade das emissoras, pois o telespectador tem acesso direto ao comportamento dos profissionais. A resposta da Band - afastar Lucas das coberturas externas - é uma medida corretiva, porém ainda insuficiente se não houver uma revisão profunda das políticas internas de convivência. Por outro lado, a Record ao registrar boletim de ocorrência demonstra que está disposta a buscar reparação judicial, mas também precisa avaliar se há um padrão de hostilidade entre suas equipes. A Comissão de Ética da ABJ, ao analisar o caso, tem a oportunidade de estabelecer diretrizes que impeçam confrontos físicos futuros. Um protocolo claro, que inclua treinamento de mediação de conflitos, poderia reduzir a incidência de episódios semelhantes. Também é fundamental que os líderes das redações cultivem uma cultura de respeito mútuo, enfatizando que a busca pela verdade não justifica a violência. Os jornalistas de campo, ao se moverem em situações de alta carga emocional, precisam ser apoiados por psicólogos organizacionais que os ajudem a lidar com o estresse. Não menos importante, o público deve ser conscientizado de que o sensacionalismo gerado por tais conflitos desvia a atenção dos fatos reais, como o desaparecimento de Layla e Sofia. Assim, ao focarmos na rivalidade, corremos o risco de esquecer o objetivo maior da cobertura jornalística: informar com responsabilidade. Em síntese, o caso serve como um alerta para que todas as partes envolvidas reavaliem suas práticas, adotem medidas preventivas e, sobretudo, preservem a integridade do exercício profissional. Somente assim poderemos restaurar a confiança do público na mídia.