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Luiz Gustavo volta aos campos após recuperação de tromboembolismo pulmonar e reforça São Paulo na reta final

Luiz Gustavo volta aos campos após recuperação de tromboembolismo pulmonar e reforça São Paulo na reta final
29 novembro 2025 4 Comentários Gustavo Campos

O volante Luiz Gustavo Dias, de 38 anos e número 16 do São Paulo Futebol Clube, voltou aos treinos sem restrições a partir de 20 de setembro de 2025, após completa recuperação de um tromboembolismo pulmonar — uma condição que quase interrompeu sua carreira e colocou em risco sua vida. O diagnóstico foi confirmado em 5 de abril de 2025, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, após dores torácicas durante treino no CT da Barra Funda. Agora, após cinco meses e meio de tratamento rigoroso, ele está liberado para reforçar o time na reta final do Campeonato Brasileiro Série A 2025, com possibilidade de atuar em disputas internacionais. A recuperação foi tão incomum quanto impressionante: de um quadro potencialmente fatal, ele retornou ao campo como se nada tivesse acontecido.

Do CT à emergência: o dia que mudou tudo

Em 5 de abril de 2025, antes da viagem para Belo Horizonte, Luiz Gustavo sentiu uma dor aguda no peito durante treino. Nada parecia fora do comum — até os exames. O departamento médico do São Paulo, chefiado pelo Dr. João Paulo Mendes, o encaminhou imediatamente ao Hospital Albert Einstein. Lá, uma angiotomografia revelou um coágulo bloqueando artérias pulmonares. O diagnóstico: tromboembolismo pulmonar. "É uma bomba-relógio silenciosa", explicou o cardiologista Mateus Freitas Teixeira ao ge EU Atleta. "A maior complicação é a morte. E muitas vezes, o atleta só percebe quando já é tarde." O jogador foi internado por três dias e recebeu alta em 8 de abril. Mas o pior ainda estava por vir: o isolamento físico.

Um protocolo de sobrevivência

Entre abril e junho, Luiz Gustavo não pôde sequer tocar na bola. A medicação anticoagulante foi essencial — e perigosa. Qualquer queda, qualquer impacto poderia causar hemorragia. Ele viveu como um paciente crônico, não como um atleta. Aos 38 anos, enfrentava uma realidade que poucos jogadores conhecem: a perda da identidade. "Eu não era mais o Luiz Gustavo que corria atrás da bola. Era o cara que tomava remédio e esperava", disse ele em entrevista reservada ao departamento médico do clube.

A recuperação começou em 17 de junho, com exercícios leves no SuperCT. Nada de contato. Nada de aceleração. Apenas mobilidade, respiração e caminhadas. Em 25 de julho, ele voltou ao CT da Barra Funda — mas ainda separado do grupo. "Foi emocionante ver ele correndo no gramado, sozinho, com o olhar de quem queria estar lá desde o primeiro dia", contou o preparador físico Pablo Zeballos.

Reinserção e reforço para a reta final

O técnico Hernán Crespo, que assumiu o São Paulo em janeiro de 2025, não escondeu a alegria com o retorno. "Luiz Gustavo é experiência, liderança, inteligência tática. Ele é um jogador que você não substitui só com outro nome. Ele é um líder natural, mesmo sem falar muito." O argentino de 49 anos já testou diversas combinações no meio-campo desde abril — com Igor Vinicius, Enzo Díaz e Wendell — mas nenhum substituiu a presença de Luiz Gustavo. Agora, com a liberação oficial em 16 de setembro, o time ganha um jogador que já jogou em Copas do Mundo e tem mais de 500 partidas na carreira.

Um alerta para o futebol brasileiro

O caso de Luiz Gustavo não é isolado. Nos últimos cinco anos, pelo menos três jogadores profissionais no Brasil tiveram tromboembolismo pulmonar relacionado a viagens longas. "O avião é um risco real. Sentado por horas, sem movimento, o sangue se acumula nas pernas. É como deixar água parada — ela apodrece", explica o médico Mateus Freitas Teixeira. O São Paulo Futebol Clube, que tem 76.458 sócios-torcedores e valor de mercado de € 215,7 milhões, já adotou novos protocolos: exames de ultrassom de membros inferiores antes de viagens aéreas, uso de meias de compressão e pausas ativas durante voos. "Isso não é luxo. É obrigação", afirmou o diretor médico do clube.

Qual o próximo passo?

Luiz Gustavo deve retornar aos jogos na rodada 34 do Brasileirão, contra o Cuiabá, em 27 de setembro. Se o São Paulo se classificar para a Copa Sul-Americana, ele será peça-chave na campanha. Mas o mais importante não é o número de partidas. É o fato de ele estar vivo, ativo e com perspectiva de continuar jogando. "Muitos acham que futebol é só gols e conquistas. Mas às vezes, a maior vitória é voltar a respirar sem dor", disse ele, ao ser perguntado sobre seu retorno.

Frequently Asked Questions

O que é tromboembolismo pulmonar e por que é perigoso para atletas?

O tromboembolismo pulmonar ocorre quando um coágulo sanguíneo, geralmente formado nas pernas (trombose venosa profunda), viaja até os pulmões e obstrui artérias. Pode causar insuficiência respiratória, parada cardíaca e morte súbita. Atletas são vulneráveis por viagens longas em avião, sedentarismo durante deslocamentos e desidratação — fatores que aumentam a viscosidade do sangue.

Quanto tempo Luiz Gustavo ficou sem jogar e como foi seu processo de reabilitação?

Ele ficou 168 dias sem treinar com o grupo, desde 5 de abril até 20 de setembro de 2025. O processo incluiu três dias de internação, cinco meses e meio de anticoagulantes, recondicionamento físico supervisionado a partir de 17 de junho, e primeiro treino com o elenco sem contato em 25 de julho. A liberação só ocorreu após exames de angiotomografia e teste cardiopulmonar confirmarem recuperação completa.

O São Paulo mudou seus protocolos médicos após o caso?

Sim. O clube passou a exigir ultrassom de veias das pernas antes de viagens aéreas, uso obrigatório de meias de compressão durante voos e pausas ativas de 15 minutos a cada três horas. Também aumentou a frequência de exames cardiovasculares para jogadores acima de 35 anos. Essas medidas já foram adotadas por clubes europeus, mas o São Paulo foi o primeiro no Brasil a implementá-las de forma sistemática.

Quais são os sintomas que jogadores devem observar?

Dor torácica repentina, falta de ar sem explicação, taquicardia, tontura ou desmaio durante ou após esforço. Muitos confundem com exaustão ou cãibras. Mas quando esses sintomas surgem após viagens ou repouso prolongado, o tromboembolismo deve ser descartado imediatamente. A rapidez no diagnóstico pode salvar vidas.

Luiz Gustavo corre risco de recaída?

O risco é baixo, mas não zero. Após o primeiro episódio, o risco de recorrência é de 10% nos próximos cinco anos. Ele continuará com acompanhamento cardiológico anual e evitará viagens sem medidas preventivas. O uso de anticoagulantes foi interrompido, mas o clube mantém vigilância constante. Ele não é mais considerado um paciente, mas um atleta com histórico de risco — e isso exige cuidado.

Por que o caso chamou tanta atenção na mídia?

Porque Luiz Gustavo é um jogador respeitado, com carreira internacional e experiência em seleção. Além disso, o caso expôs uma lacuna no futebol brasileiro: a negligência em saúde cardiovascular. Ele voltou como um símbolo de superação — e serviu de alerta para clubes que ainda tratam lesões como "problemas de fôlego". Sua recuperação é um marco na medicina esportiva no país.

4 Comentários

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    Eduardo Gusmão

    novembro 30, 2025 AT 17:45

    Isso aqui é um dos retornos mais inspiradores que já vi no futebol brasileiro. Ninguém pensava que ele voltaria, e olha ele lá, de novo, no meio-campo, com a mesma calma e inteligência de sempre. A recuperação dele não é só médica, é emocional. Ele teve que reconstruir a identidade de jogador, e conseguiu. Parabéns ao São Paulo por não desistir dele.

    Espero que outros clubes vejam isso e passem a tratar saúde cardiovascular como prioridade, e não como burocracia.

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    Thamyres Vasconcellos

    dezembro 1, 2025 AT 05:48

    É lamentável que só agora, após um jogador de renome quase morrer, o futebol brasileiro decidiu agir. Por anos, jogadores foram mandados para o CT com dores no peito e ouviam: ‘é só cansaço’. Isso é negligência criminosa. E não adianta só colocar meias de compressão - é preciso mudar a cultura de ‘jogador é máquina’. Ele não é um equipamento. É um ser humano.

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    Alexandre Oliveira

    dezembro 2, 2025 AT 05:37

    mano eu chorei lendo isso. tipo, mesmo sem ser torcedor do sao paulo, isso me tocou. ele tava tão fraco q nem corria, e agora ta de volta? isso é tipo um filme, mas real. o cara teve que aprender a respirar de novo, e ainda tá jogando. que força. parabens pra equipe medica e pra ele. Deus abençoe.

    eu nunca tinha ouvido falar de tromboembolismo, mas agora to pesquisando tudo. isso é importante demais.

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    Joseph DiNapoli

    dezembro 3, 2025 AT 01:10

    Claro, agora que ele voltou, todo mundo é herói. Mas onde estavam esses mesmos caras quando ele estava internado? Ninguém falou nada. Agora que ele tá de volta, é ‘inspiração’ e ‘lenda’. A mídia só valoriza quem sobrevive. E o pior? Esse caso vai virar post no Instagram e sumir da agenda dos clubes em 30 dias.

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